RESUMOS EXTRAS DE HISTÓRIA

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DUTRA E O PLANO SALTE 

  • Sendo o primeiro presidente a ser eleito por meio do voto direto após o Estado Novo, Eurico Gaspar Dutra venceu a disputa presidencial devido as bases políticas formadas pelo então ex-presidente Getúlio Vargas.

  • A disputa havia ocorrido entre três candidatos, Dutra, que contava com o apoio das alas trabalhistas do Partido Social Democrático e também do Partido Trabalhista Brasileiro; o brigadeiro Eduardo Gomes, candidato da União Democrática Nacional; e o civil Yedo Fiúza, filiado ao Partido Comunista Brasileiro. O apoio de Vargas foi crucial para sua vitória, tendo em vista o expressivo número de votos que conseguiu, mais de 50% deles.

Posse e governo

Assim que foi empossado, em 1946, ele teve que presenciar as tensões que marcavam o desenvolvimento da Guerra Fria e que envolvia todo o cenário político internacional. Olhando para dentro do próprio país, uma de suas primeiras atividades foi a convocação da Assembleia Constituinte que seria responsável por discutir as leis e também por integrar uma nova Carta Magna. Essa nova constituição foi oficializada no mesmo ano, e declarava autonomia para os três poderes, além da realização de eleições diretas para os cargos executivos e legislativos, estaduais, municipais e federais. Alguns aspectos devem ser destacados, como:

  • O voto era proibido para militares e analfabetos;
  • Voto feminino mantido, com idade mínima reduzida para 18 anos;
  • Apenas as mulheres que trabalhavam no funcionalismo público com algum cargo remunerado eram obrigadas a votar.

No campo econômico, no governo Dutra o Brasil passou a conseguir novamente um certo prestígio no cenário mundial, já que os níveis de importação foram crescendo, o mercado consumidor demonstrava um crescente interesse, o que ajudou o Brasil a absorver uma quantidade de bens de consumo significativa, principalmente no que dizia respeito aos Estados Unidos. Porém algum tempo depois a dívida externa brasileira voltou a crescer, já que a indústria nacional deu uma desacelerada e as reservas cambiais do país caíram.

Como já era de se imaginar, esses fatos levaram a uma grande piora na condição dos trabalhadores. O custo de vida da população se tornou mais elevado, enquanto que os salários haviam sido congelados desde o ano de 1942, sem sofrer nenhum tipo de alteração. Consequentemente vários movimentos grevistas surgiram, para piorar a situação ocorreu o aumento das tarifas dos ônibus e bondes de São Paulo em 1947, causando protestos que causaram confrontos entre os rebeldes e a polícia, além da depredação de prédios públicos. O governo culpava os comunistas pela autoria desses episódios, e buscou uma forma de tentar castigá-los.

Todos os parlamentares do PCB tiveram seus mandatos cassados, pois o governo colocou os comunistas na ilegalidade. Seguindo esse ato, ele adotou medidas pró-Estados Unidos rompendo relações de diplomacia com a União Soviética.
Medidas adotadas em seu governo

Percebendo que o país se via com fortes problemas econômicos, Dutra adotou medidas que visavam facilitar a importação no que dizia respeito a maquinário industrial e combustível, e em maio de 1947 ele tentou reorganizar os gastos públicos com alimentação, saúde, transporte e energia por meio do Plano Salte. Graças a essas atitudes ele conseguiu que o Brasil obtivesse uma média anual de crescimento econômico de 6%.

Quando o ano de 1950 se aproximava, os brasileiros já ansiavam para ver quais seriam os nomes a estar na lista de candidatos a eleição presidencial que viria a ocorrer. Como havia acontecido na eleição anterior, o cenário político nacional ainda sofria uma forte carência no que dizia sentido a ter um forte líder político nacional, e tentando suprir essa necessidade os partidos lançaram seus candidatos tentando mostrar que eles eram a melhor opção para o país. O mineiro Cristiano Machado foi o nome escolhido pelo PSD, e a UDN apostou mais uma vez no brigadeiro Eduardo Gomes.  O PTB optou por lançar um nome já conhecido de todos, Getúlio Vargas, que sem muita dificuldade venceu as eleições com 48% dos votos.

SEGUNDO GOVERNO DE VARGAS 

  • segundo governo Vargas se iniciou em 1951, após o ex-ditador alcançar a */marca de quase 4 milhões de votos nas eleições de 1950. Com o apoio do PSD (Partido Social Democrata) e do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), a volta de Getúlio Vargas ao poder representou novamente a intervenção do Estado na economia, contrariamente às tentativas de abertura ao capital estrangeiro realizadas no governo Dutra.
    • Os investimentos incidiram principalmente nas indústrias de base. A ação mais notória foi a criação da Petrobras, em 1953. A intensa campanha de mobilização junto a alguns setores da população pretendia inflar o sentimento nacionalista através do slogan: “O petróleo é nosso!” Com a criação da Petrobras, o Estado garantia o monopólio da prospecção e refino do petróleo. O Estado criou ainda o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), em 1952, com o objetivo de garantir os investimentos necessários aos projetos econômicos.
    • Mas a vida de boa parte da população não era fácil, principalmente com o aumento do custo de vida causado pela crescente inflação. Contra a piora nas condições de vida, os trabalhadores passaram a realizar grandes greves nas principais cidades do país. Em 1953, cerca de 300 mil trabalhadores paralisaram as atividades em São Paulo e Rio de Janeiro.
    • A pressão popular levou Getúlio Vargas a nomear como ministro do trabalho João Goulart, o Jango, um político ligado aos meios sindicais. A principal medida tomada por Vargas no âmbito trabalhista foi o aumento de 100% do salário mínimo, em 1954. A medida gerou oposição dos setores empresariais e também de militares. A reação militar foi expressa no Manifesto dos Coronéis e liderada pelo coronel Bizarria Mamede, da Escola Superior de Guerra (ESG). O resultado da pressão foi a demissão de Jango.
    • A oposição a Vargas crescia, principalmente entre os setores conservadores da sociedade. O principal porta-voz da insatisfação era o jornalista Carlos Lacerda, da União Democrática Nacional (UDN).
    • Um fato intensificou ainda mais a pressão sobre Vargas. Em 5 de agosto de 1954, ocorreu um atentado contra Carlos Lacerda. O jornalista foi ferido na perna, mas seu guarda-costas, Rubens Florentino Vaz, major da Força Aérea, foi morto. As suspeitas envolviam o chefe da guarda pessoal de Vargas, Gregório Fortunato, o que levou os opositores a apontarem Vargas como mandante do atentado.
    • A UDN e alguns setores do exército pressionavam pela saída de Vargas do poder. Sua opção foi o suicídio, realizado na manhã de 24 de agosto de 1954, com um tiro no coração. A notícia da morte do presidente, junto à publicação de sua carta testamento, encontrada ao lado do corpo, causou uma intensa comoção nacional.
    • Ainda no dia 24 de agosto, uma revolta popular ocorreu nas ruas do Rio de Janeiro. Os apoiadores de Vargas passaram a atacar os símbolos e locais que remetiam aos opositores do presidente, como sedes de jornais e o prédio do ministério da Aeronáutica, no Rio de Janeiro.
    • A revolta popular impediu qualquer tentativa de golpe pelas forças conservadoras, organizadas em torno da UDN e do Exército. Em seu lugar, assumiu o vice-presidente, Café Filho, que anunciou novas eleições para outubro de 1955.
    • Com o suicídio, a população do país perdia o “pai dos pobres” e também o autoritário ditador, que ficou no poder por mais de 15 anos.   

    14 MESES SO VICE DE VARGAS (CAFÉ FILHO)

    Saída de Vargas do governo
    O ano de 1950 foi marcante para Café Filho, uma vez que a legenda política a qual integrava, o Partido Social Progressista (PSP), fez a indicação do seu nome como vice na chapa de Vargas.
    Entre outras bandeiras, o retorno do programa de desenvolvimento nacional-estatista (1930) foi uma das principais defendidas por Getúlio em sua volta à presidência.
    Entretanto, a forte marcação da oposição em torno do governo, até mesmo no campo militar, paralela às denúncias de corrupção envolvendo figuras que tinham relação com o presidente, fizeram com que Getúlio Vargas não suportasse a pressão e, em 24 de agosto de 1954, cometeu suicídio atirando no próprio peito.
    Em 3 de setembro do mesmo ano, Café Filho foi empossado como presidente da República. Sua posse foi marcada por um clima de comoção nacional em decorrência da morte de Vargas.
    Um tanto afastado da política varguista, o governo de Café Filho se estruturou com uma equipe formada por empresários, políticos e militares de oposição a Getúlio Vargas.
    Juscelino e a disputa presidencial
    O Partido Social Democrata (PSD), o qual Vargas havia fundado em 1945, lançou durante a eleição presidencial de 1955 o nome de Juscelino Kubitscheck para concorrer ao cargo.
    Já para o cargo de vice, que à época era disputado separadamente, a chapa foi composta pelo ex-ministro do Trabalho do governo varguista João Goulart (Jango), este que era membro da legenda política a qual Vargas havia sido eleito em 1950, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
    Movimentos radicais da União Democrática Nacional (UDN), que temiam que a vitória de Juscelino e Jango representasse a volta da era Vargas, começaram a articular a impugnação da candidatura de ambos. Liderados pelo jornalista Carlos Lacerda, esses movimentos radicalistas pressionaram de todas as formas contra a chapa.
    Divulgados os resultados oficiais do pleito presidencial, que colocavam na presidência a chapa PSD-PTB, a UDN passou a pressionar ainda mais para que Café Filho barrasse a posse dos candidatos vitoriosos.
    Descontentamento em relação ao resultado do pleito eleitoral também entre os militares. Enquanto o ministro da Guerra do governo Café Filho, o marechal Henrique Lott, era favorável a posse de Juscelino e Jango, um coronel se opôs a vitória da dupla.
    Carlos Luz assume o poder
    O marechal Lott até quis dar punição ao coronel, mas tal medida necessitava de autorização do presidente, ou seja, Café Filho, este que em decorrência das diversas pressões chegou a ser internado em uma unidade hospitalar no Rio de Janeiro (RJ).
    Dias depois, em 8 de novembro de 1955, Café Filho foi afastado do cargo de presidente devido seu estado de saúde. Foi então quando o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, se tornou presidente da República em exercício.
    De tal modo que, ao assumir a presidência, Luz, que tinha aproximação com a UDN, negou o pedido do marechal Lott de punição para o coronel que se opôs contra o resultado da eleição. Esse imbróglio resultou na saída de Lott do cargo de ministro da Guerra.
    Não aceitando a decisão, Lott mobilizou um movimento contra a permanência no cargo do presidente em exercício Carlos Luz. A mobilização resultou, com somente três dias de governo, na deposição de Luz.
    Próximo à linha de sucessão estava o vice-presidente do Senado, Nereu Ramos, que assumiu a Presidência da República após a saída de Carlos Luz. Ao assumir o cargo, Ramos renomeou Lott como ministro de Guerra.
    Passados alguns dias, Café Filho tentou retornar à Presidência, entretanto, foi barrado por Henrique Lott e outros militares que o apoiavam. Sob a acusação de ser contra a posse de Juscelino e Jango, Café Filho foi oficialmente impedido, no dia 22 de novembro pelo Congresso Nacional, de reassumir o cargo de presidente.
    No cargo, continuou o senador Nereu Ramos que, posteriormente, empossou o presidente eleito Juscelino Kubitscheck.

    GOVERNO JK
    Introdução (período de governo)


    Juscelino Kubitschek de Oliveira foi eleito presidente do Brasil nas eleições de 1955, tendo João Goulart (Jango) como vice-presidente. Assumiu o governo no dia 31 de janeiro de 1956, ficando no poder até 31 de janeiro de 1961, quando passou o cargo para Jânio Quadros.

    Resumo das principais realizações, características e fatos ocorridos no governo JK


    Plano de Metas 

    No começo de seu governo, JK apresentou ao povo brasileiro o seu Plano de Metas, cujo lema era “cinquenta anos em cinco”. Pretendia desenvolver o país cinquenta anos em apenas cinco de governo. O plano consistia no investimento em áreas prioritárias para o desenvolvimento econômico, principalmente, infraestrutura (rodovias, hidrelétricas, aeroportos) e indústria.

    Desenvolvimento industrial 

    Foi na área do desenvolvimento industrial que JK teve maior êxito. Ele abriu a economia para o capital internacional e, desta forma, atraiu o investimento de grandes empresas. Foi no governo JK, que entraram no país grandes montadoras de automóveis como, por exemplo, Ford, Volkswagen, Willys e GM (General Motors). Estas indústrias instalaram suas filiais na região sudeste do Brasil, principalmente, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e ABC (Santo André, São Caetano e São Bernardo). As oportunidades de empregos aumentaram muito nesta região, atraindo trabalhadores de todo Brasil. Este fato fez aumentar o êxodo rural (saída do homem do campo para as cidades) e a migração de nordestinos e nortistas, de suas regiões, para as grandes cidades do Sudeste.

    Construção de Brasília: a nova capital

    Além do desenvolvimento do Sudeste, a região Centro-Oeste também cresceu e atraiu um grande número de migrantes nordestinos. A grande obra de JK foi a construção de Brasília, a nova capital do Brasil. Com a transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília, JK pretendia desenvolver a região central do país e afastar o centro das decisões políticas de uma região densamente povoada. Com capital oriundo de empréstimos internacionais, JK conseguiu finalizar e inaugurar Brasília, em 21 de abril de 1960.

    Balanço do governo JK 

    A política econômica desenvolvimentista de Juscelino apresentou pontos positivos e negativos para o nosso país. A entrada de multinacionais gerou empregos; porém, deixou nosso país mais dependente do capital externo. Os investimentos concentrados na industrialização deixou de lado a zona rural, prejudicando o trabalhador do campo e a produção agrícola. O país ganhou uma nova capital, porém a dívida externa, contraída para esta obra, aumentou significativamente. A migração e o êxodo rural descontrolados fizeram aumentar a pobreza, a miséria e a violência nas grandes capitais do sudeste do país.

    JÂNIO QUADROS 
    Jânio da Silva Quadros nasceu em Mato Grosso, onde atualmente corresponde ao território do Mato Grosso do Sul, em 25 de janeiro de 1917. As primeiras funções exercidas por Jânio Quadros foram de professor e advogado. Ingressou na atividade política nas eleições para vereador de São Paulo em 1947 pelo Partido Democrata Cristão (PDC), no entanto, não recebeu a quantidade de votos suficiente para assumir o posto imediatamente. Somente com a cassação de mandatos do Partido Comunista do Brasil (PCB), Jânio Quadros assumiu como suplente o posto de vereador.

    A carreira política de Jânio Quadros desde o princípio já defendia a moralização do serviço público e o combate à corrupção. Assim, em 1950, Jânio tornou-se deputado estadual e, em 1953, foi eleito prefeito de São Paulo. Como prefeito uma das primeiras iniciativas foi a demissão em massa de funcionários públicos. E, em 1955, foi eleito governador do Estado de São Paulo e aproximou a gestão estadual à presidência da República de Café Filho, possibilitando a recuperação econômica do Estado.

    Durante o governo presidencial de Juscelino Kubitschek, o Estado de São Paulo foi o mais beneficiado pelo Plano de Metas com o crescimento industrial e a concessão de crédito. Entretanto, Jânio permaneceu alinhado politicamente à União Democrática Nacional (UDN), contrária à política nacional vigente. O desenvolvimento do Estado de São Paulo no período da gestão de Jânio Quadros favoreceu a candidatura dele à presidência da República.

    Em 20 de abril de 1959, foi fundado um movimento pela candidatura de Jânio Quadros à presidência do país, o Movimento Popular Jânio Quadros (MPJQ). A campanha para a presidência de Jânio Quadros adotou o seguinte slogan: “varre, varre, vassourinha, varre, varre a bandalheira”, em menção à proposta de combate à corrupção e moralização de costumes.

    Candidataram-se ao pleito presidencial de 1960 o marechal Teixeira Lott pela chapa formada pelo Partido Social Democrático e Partido Trabalhista Brasileiro, e para vice-presidente na mesma chapa João Goulart; Ademar de Barros pelo Partido Social Progressista (PSP); e Jânio Quadros pelo Partido Democrata Cristão. A Constituição de 1946 previa que as candidaturas de presidente e vice-presidente do país concorreriam de forma independente. Desse modo, os candidatos Jânio Quadros e João Goulart foram eleitos para os cargos mesmo pertencendo a chapas distintas. Os candidatos tomaram posse em 31 de janeiro de 1961.

    governo de Jânio Quadros foi marcado por idiossincrasias e contradições do presidente. Já no dia em que tomou posse do cargo mostrou-se contraditório, no primeiro discurso elogiou o governo antecessor de JK e horas depois disse à imprensa que havia herdado dívidas do governo anterior, que não havia gerido bem o país. Jânio Quadros manteve no governo federal as medidas de moralização de costumes e tentou até mesmo proibir o uso de biquínis nas praias. Promoveu uma centralização do poder na presidência, diminuindo os encargos do Congresso Nacional.

    No que se referiu à política econômica realizou uma reforma cambial que favoreceu ao setor exportador e aos credores internacionais. Apesar de adotar uma política econômica conservadora e alinhada aos propósitos estadunidenses, propôs a retomada de relações diplomáticas e comerciais com países do bloco socialista (China e União Soviética), ocasionando muitas críticas dos setores que o apoiaram ao governo dele. Os movimentos sindical e camponês também estavam engajados na proposta das Reformas de Base que surgiram com o aprofundamento dos conflitos sociais, o governo estabeleceu relações dúbias com esses movimentos.

    Em janeiro de 1961, foi realizada a Conferência de Punta del Este em que se discutiu a relação dos países americanos com o Estados Unidos da América. Após essa conferência, Ernesto Che Guevara, ministro da Economia de Cuba, visitou o Brasil e Argentina para agradecer o posicionamento dos governos desses países favorável à Cuba. Che Guevara recebeu de Jânio Quadros a condecoração da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, inquietando setores conservadores militares e civis
    .
    A condecoração de Che Guevara, a restituição de jazidas de ferro em Minas Gerais ao governo federal e a viagem do vice-presidente João Goulart foram fatores que levaram os militares a exigirem a deposição da presidência de Jânio Quadros. A União Democrática Nacional (UDN) que era base política do governo Jânio Quadros tornou-se oposição. A principal figura política da UDN, Carlos Lacerda, declarou em rede nacional de rádio e televisão que Jânio Quadros estaria conspirando para instaurar um golpe de Estado.

    No dia seguinte (25 de agosto de 1961), Jânio Quadros renunciou, prontamente aceita pelo Congresso Nacional. Na carta de renúncia, Jânio Quadros dizia: “Forças terríveis se levantaram contra mim”, pretendendo provocar uma comoção popular contra a renúncia. No entanto, isso não ocorreu, e o vice-presidente João Goulart assumiu a presidência da República, em 3 de setembro de 1961, em regime parlamentarista.

    JANGO

    Quando Jânio Quadros renunciou à presidência, João Goulart estava no Oriente em uma delegação responsável por aproximar economicamente os países do eixo socialista ao Brasil. João Goulart foi comunicado que deveria retornar ao Brasil para assumir a presidência. No entanto, ministros militares e um grupo de civis antigetulistas formaram uma junta para impedir a posse de João Goulart, alegando que essa presidência ocasionaria instabilidade das instituições do país.

    Em 29 de agosto, o Congresso Nacional vetou o pedido de impedimento da posse de João Goulart que assumiu o posto em 7 de setembro. O mandato estava previsto para terminar em 31 de janeiro de 1966 que seria cumprido em regime parlamentarista. A alteração do regime presidencialista para o parlamentarista pretendia diminuir os encargos e poderes da presidência da República. Era a primeira vez que o regime parlamentarista era implantado no período republicano brasileiro.

    No regime parlamentarista o gabinete ministerial possuía mais atribuições do que o presidente. No governo de João Goulart o primeiro gabinete foi presidido por Tancredo Neves que perdurou de 8 de setembro de 1961 a 12 de julho de 1962. Esse gabinete teve por principal objetivo promover a integração nacional. O gabinete de Tancredo foi dissolvido, pois todos os ministros descompatibilizaram-se do gabinete para concorrerem às eleições de 1962.

    Assim, foi formado um novo gabinete, presidido por Brochado da Rocha, que ficou responsável pela convocação de uma consulta popular acerca da continuidade do regime parlamentarista. Esse gabinete pretendeu antecipar o plebiscito e enviou ao Congresso Nacional uma emenda que antecipava a consulta para a data de 7 de outubro de 1962, mesmo período em que ocorreriam as eleições para deputados e governadores estaduais.

    O Congresso rechaçou a emenda impelindo o gabinete à renúncia. No entanto, a queda do gabinete de Brochado da Rocha antecipou ainda mais o plebiscito que ocorreu em 6 de janeiro de 1963. E, enquanto não se realizava o plebiscito, assumiu um gabinete interino que não foi votado, presidido por Hermes Lima, já cogitando que o regime parlamentarista não persistiria. E a consulta confirmou isso, o regime presidencialista foi retomado.

    João Goulart convocou o novo ministério e procurou estabelecer um plano econômico que combatesse a alta inflacionária. Desse modo, foi executado o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico sob o comando de San Tiago Dantas e Celso Furtado. San Tiago Dantas viajou para Washington para acordar um plano de auxílio econômico ao Brasil. E, em território nacional, o presidente buscava meios políticos de concretizar a adequação do aumento salarial de acordo com o aumento da inflação. No entanto, essa pauta do Plano Trienal estava causando atritos entre a presidência da República e demais setores do poder Executivo, ocasionando o fracasso do Plano Trienal.

    A tensão entre o governo de João Goulart e as forças da direita ampliava-se. Dessa maneira o presidente decidiu recorrer aos grupos de esquerda para implementar as pretendidas reformas políticas. Para tal articulou um movimento para construção de frentes populares para efetivar as reformas de base que começaram a ser discutidas no governo de Juscelino Kubitschek. As reformas de base consistiam em medidas para atenuar as desigualdades sociais no Brasil e somente entraram de fato na pauta política do país com a ascensão de João Goulart à presidência do país. As reformas de base tornaram-se a principal bandeira política do governo de João Goulart.
    Dentre as propostas das reformas de base estavam: a agrária, a bancária, a fiscal, a universitária, a urbana e a administrativa. Destacava-se entre essas propostas a reforma agrária que distribuiria de maneira mais equitativa a terra entre os trabalhadores rurais, para isso seria necessário mudar a exigência prevista na
    Constituição vigente de que a desapropriação de terras deveria sofrer indenização prévia em dinheiro. As reformas de base também previam maior intervenção do Estado na economia nacional, a ampliação do direito ao voto aos analfabetos e baixas patentes militares, e o controle do investimento econômico estrangeiro no país. Para efetivar as reformas de base, João Goulart participou de grandes comícios realizados nas principais cidades do país.

    Essa mobilização pelas reformas de base desencadeou a reação de proprietários de terras, parcelas das forças armadas e dos interesses políticos estadunidenses no Brasil. Em março de 1964, os generais Artur da Costa e SilvaCastelo Branco e Cordeiro de Farias reuniram-se no Rio de Janeiro para avaliar a conjuntura e articular medidas contra o governo de João Goulart.

    Em 20 de março, Castelo Branco emitia uma circular aos oficiais do estado-maior indicando que as medidas de João Goulart ameaçava a segurança nacional. Em 31 de março, o general Olímpio Mourão Filho arregimentou tropas sediadas em Minas Gerais para dirigirem-se ao Rio de Janeiro e instaurar um regime militar. Dessa maneira, no 1º de abril de 1964, foi realizado o golpe que implementou o regime militar.

    João Goulart exilou-se no Uruguai e retomou a atividade pecuária. No exílio tentou organizar, em 1966, uma Frente Ampla pela restauração do regime democrático liberal, no entanto, fracassou. E, nos anos que seguiram, dedicou-se à administração das propriedades rurais dele no Uruguai, Paraguai, Argentina e Brasil. João Goulart faleceu, em dezembro de 1976, na fazenda La Villa situada na Argentina.

    DITADURA
    Período: de 31 de março de 1964 (Golpe Militar que derrubou João Goulart) a 15 de janeiro de 1985 (eleição de Tancredo Neves).


    Fatores que influenciaram (contexto histórico antes do Golpe):

    - Instabilidade política durante o governo de João Goulart;

    - Ocorrências de greves e manifestações políticas e sociais;

    - Alto custo de vida enfrentado pela população;

    - Promessa de João Goulart em fazer a Reforma de Base (mudanças radicais na agricultura, economia e educação);

    - Medo da classe média de que o socialismo fosse implantado no Brasil;

    - Apoio da Igreja Católica (ala conservadora), setores conservadores da sociedade, classe média e até dos Estados Unidos aos militares brasileiros.

    Principais características do regime militar no Brasil:

    - Cassação de direitos políicos de opositores;

    - Repressão aos movimentos sociais e manifestações de oposição;

    - Censura aos meios de comunicação;

    - Censura aos artistas (músicos, atores, artistas plásticos, etc.);

    - Aproximação dos Estados Unidos;

    - Controle dos sindicatos;

    - Implantação do bipartidarismo: ARENA (governo) e MDB (oposição controlada);

    - Enfrentamento militar dos movimentos de guerrilha contrários ao regime militar;

    - Uso de métodos violentos, inclusive tortura, contra os opositores ao regime;

    - “Milagre econômico”: forte crescimento da economia (entre 1969 a 1973) com altos investimentos em infraestrutura. Aumento da dívida externa.

    Abertura Política e transição para a democracia:

    - Teve início no governo Ernesto Geisel e continuou no de Figueiredo;

    - Abertura lenda, gradual e segura, conforme prometido por Geisel;

    - Significativa vitória do MDB nas eleições parlamentares de 1974;

    - Fim do AI-5 e restauração do habeas corpus em 1978;

    - Retorno do sistema pluripartidário, a partir de 1979;

    - Em 1984 ocorreu o Movimento das “Diretas Já”. Porém, a eleição ocorre de forma indireta com a eleição de Tancredo Neves.

    Presidentes do período militar no Brasil:

    CASTELO BRANCO (1964-1967)



    COSTA E SILVA (1967-1969)



    JUNTA MILITAR (31/8/1969-30/10/1969)



    MEDICI (1969-1974)



    GEISEL (1974-1979)



    FIGUEIREDO (1979-1985) 

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